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O Silêncio do Verdadeiro Eu

Diário de 06/04/2025

Um mergulho profundo na construção do meu eu

Hoje pela manhã estava lendo Joe Dispenza. Sim, ainda não concluí. Leio e releio cada parágrafo, e isso está levando mais tempo. Contudo, estou me relacionando melhor com o conteúdo. Enfim, estava lendo e parei para pensar sobre o nosso verdadeiro eu, o motivo pelo qual não o revelamos e, na maioria das vezes, nem nós mesmos o conhecemos.

Minha autorreflexão fala dos meus sentimentos e processos internos. Não posso afirmar que o mesmo acontece com outras pessoas, mas senti a necessidade de colocar isso pra fora. Parece que tem algo querendo sair, e preciso dar vazão. Afinal, já tomei meu café — e se não colocar pra fora, isso pode acabar se transformando em um gatilho para uma crise de ansiedade. Algo como isso já aconteceu vezes o suficiente para eu reconhecer a probabilidade.


A origem do medo de sermos nós mesmos

Nascemos na completa ignorância, sem fazer ideia de quem somos ou como o mundo funciona. Aos poucos vamos aprendendo através das nossas limitações. Um bebê não sabe falar o que quer, então precisa expressar sua insatisfação, medo, fome, raiva — através do choro. E os pais, aos poucos, vão reconhecendo os tipos de choros diferentes. À medida que somos atendidos, adotamos essas novas habilidades.

Também aprendemos que, quando fazemos sons engraçados ou sorrimos, provocamos reações positivas nos adultos. E aí… ficamos viciados na sensação de agradar.


A busca por aceitação e o medo da rejeição

Somos seres sociais e nascemos com a necessidade intrínseca de estar em comunidade. Como seres de luz que ainda não foram corrompidos, é da natureza humana apreciar a felicidade. E se torna viciante causá-la. É uma sensação maravilhosa saber que alguém está muito feliz por sua causa.

O oposto também é devastador: sentir que alguém está infeliz ou frustrado por nossa causa gera um remorso e uma culpa esmagadora.

À medida que vamos crescendo, percebemos que, toda vez que “somos nós mesmos”, podemos provocar raiva, impaciência e, o pior de todos, o sentimento de decepção. Sabe por quê? Porque somos imperfeitos. Inevitavelmente vamos errar, sentir coisas que não compreendemos. E nem sempre nascemos em um ambiente favorável ao desenvolvimento.


O peso invisível da comparação

Nossos pais, apesar de nos amarem, desejam ardentemente que sejamos autônomos. E isso leva tempo. Ao longo desse tempo, vão “perdendo a paciência”. Um bebê é indefeso. Mas uma criança, um adolescente, já “deveriam” se virar sozinhos. Afinal, a maioria dos nossos pais também não cresceu nas condições ideais.

Tudo isso vai gerando dentro de nós o medo de não sermos bons o bastante. Antes, nossos erros causavam sorrisos. Agora causam frustração. O mundo ainda é novo, e as pessoas que surgem nele — irmãos, colegas, professores — demonstram cada vez menos paciência.

Todo mundo parece já saber como o mundo funciona, menos eu? Então eu devo ser o problema.


O início da autopunição

Começamos a observar os outros. Parece que todo mundo encontrou uma forma de existir em equilíbrio. E os que não encontraram, nos causam irritação. Começamos a julgar: sucesso ou fracasso. Nossos pais deixam de parecer perfeitos. E, em muitos casos, nos sentimos traídos.

No meu caso, comecei a acreditar que a imperfeição deles foi causada pelo meu nascimento.


O peso de uma origem não escolhida

Se eu não tivesse nascido, minha mãe seria mais bonita, mais feliz. Não teria tanto trabalho. Fui uma criança doente, prematura. Ela não teria urgência em se casar para sustentar a família. Poderia ter voltado a estudar ou quem sabe viajado. Mas, em vez disso, teve dois empregos, se casou com um homem 25 anos mais velho, estava sempre com raiva, acima do peso, sem tempo nem pra si mesma.

Então, cresceram dois sentimentos dentro de mim:

  1. Ser alguém que ela pudesse se orgulhar.
  2. Uma revolta imensa pelos meus vizinhos que tinham vidas perfeitas.

Uma infância marcada por culpa

Meus pais não tiveram um relacionamento. Foi uma transa irresponsável. Eu não fui planejada. Fui um problema — ouvi isso desde que me entendo por gente. Me lembro de alguém me dizer: “Esse é o seu pai.” Eu tinha dois anos.

Nesse momento entendi por que minha mãe não gostava de mim. Eu era o lembrete do que ela mais odiava. Aos poucos, fui percebendo que ela tinha vergonha dele — e consequentemente de mim.


A armadura que vesti

Só fui entender isso aos 35 anos. Mas desde cedo me sentia uma pária. Como se, a qualquer momento, pudessem se cansar de mim. Me comparava com os outros pais e sentia inveja. A dor se cristalizou.

Na aula de biologia, aos 14, o professor explicou que no nascimento são liberados hormônios que fazem mãe e bebê se amarem perdidamente. Comigo, algo deu tremendamente errado. Eu não me sentia amada. Cresci caminhando sobre uma corda bamba, com medo constante de errar. Sofri castigos físicos desde os dois anos. Comecei a me ver como alguém indigna de amor.


Reproduzindo padrões que eu não queria viver

Me tornei fria e amarga. Exigente. Competitiva. Quando minha filha nasceu, eu queria ser a melhor mãe do mundo — e acabei exigindo demais. Aos 8 anos, ela já era obesa, se sentia inferior, tímida e insegura.

Tudo que eu tentei evitar, eu mesma causei.

E só percebi isso porque enfrentei um câncer. Durante as longas sessões de quimioterapia, comecei a escrever e refletir: O que eu fiz para merecer isso?

A resposta veio rápida:
Nunca descobri quem eu era de verdade.
Passei a vida tentando evitar olhares de reprovação, tentando compensar minha existência. E, no processo, feri quem mais amo. Vi minha filha como extensão dos meus erros. Fui igual à minha mãe. E eu não queria ser.


O dia em que desmoronei

Aos 32 anos, olhei pra minha vida e chorei o dia inteiro.

Percebi que persegui um ideal de família perfeita. E para o mundo, eu era um exemplo. Faculdade, casa própria, um carro, um marido que não bebia, não me traía, não se drogava. Mas por dentro… eu estava exausta. Me sentia sozinha, culpada, uma fraude.

Cheguei a desejar a morte. Talvez assim minha filha tivesse mais chances. Mas ao pensar quem cuidaria dela, entendi: a melhor alternativa seria me curar — em todos os sentidos.


E então… veio o recomeço

Nessa época, um dia cheguei da faculdade, depois de uma sessão de quimio e um longo dia de trabalho que começou às 6h da manhã e estava finalizando às 11:55, abri a geladeira para pegar algo pra janta e para a minha surpresa a geladeira só tinha água, perguntei ao meu então marido o que tinha pra janta e ele disse que não tinha nada pois deixou para eu ir no mercado no final de semana afinal era eu quem sabia o que tinha que comprar, eu queria poder dizer que essa foi a primeira vez que dormi sem comer por que ninguém pensou em mim mas não foi, e também não seria a última! Frustrada fui pegar os cadernos da minha filha para ver como estavam e tinha um bilhete da prof. de dois dias antes, perguntei pra ela por que não me mostrou e ela disse que mostrou pro pai, perguntei a ele por que não assinou e mandou o dinheiro pra prof. e ele disse que não queria se meter no meu “trabalho”, me senti tão sozinha, isso era um tema recorrente de nossas brigas eu já não tinha mais forças para esperar ela dormir para brigar, outro ponto que me doeu, ela estava acordada esperando eu chegar pra ficar um pouco comigo, tomei um banho e levei ela pra cama comigo, naquele dia, com a barriga vazia e uma tristeza e solidão sem fim eu só queria um colo, antes de dormir, aos 8 anos de idade ela me disse que não queria se casar, eu poderia morrer naquela hora.

Dali até a minha separação foram 3 anos, nesse tempo eu curei um câncer, me formei na faculdade, troquei de emprego, fiz um estágio em uma multinacional e fui efetivada, fiz novos amigos, voltei pra academia, coloquei minha filha nas aulas de dança para que ela fizesse uma atividade comigo, passei na prova de direção e ele foi demitido do trabalho e teve que remover o apêndice, sabe quando você chega no fundo poço emocional e percebe que tudo na sua vida é reflexo que quem você é? O processo de recuperação da cirurgia, nessa época eu já trabalhava em formato híbrido e fiquei todo o período de recuperação dele trabalhando de casa pois a cirurgia foi invasiva e foi feita a retirada de uma hérnia, nossa pensa em 30 dias do mais puro inferno, o que me mostrou que não dava mais, a decisão final veio no dia que levei ele no médico pra retirar os pontos, eu recém habilitada, o levei para uma cidade que ficava há 50 km onde era o consultório do médico, por ser durante o dia, não tinha nenhum outro motorista disponível, eu nunca tinha dirigido em rodovia, pois nós fomos e voltamos com ele gritando, isso mesmo, gritando ordens, eu tremia dos pés a cabeça e quanto mais ele gritava mais eu errava e mais furioso ele ficava. Existem várias formas de agressão e violência e a verbal, talvez seja uma das piores pois não se cura, não tem como retirar o peso do que foi dito, não tem como desdizer ou dizer que “escorregou”.

Dali pra frente tudo desandou de vez, cruzamos uma linha que não deveríamos, eu não tinha mais vontade de voltar para casa, já fazia acompanhamento com uma psicóloga há alguns anos e com a ajuda dela entendi que não tinha mais volta.

Comecei então um processo de busca do meu verdadeiro eu, fui tirando cada obrigação de ser perfeita das minhas costas, pedi a separação e arquei com as consequências, sofri muito, ninguém ficou do meu lado, afinal “eu não tinha motivos”, como nunca externalizei o que sentia, ninguém sabia, mas eu sim e isso deveria bastar, percebi também que o meu trabalho não me fazia feliz e fui em busca do meu propósito, quando abri meu canal no Youtube, demorei a contar as pessoas, até que alguém conhecido descobriu e começaram as piadas, todo mundo dizendo que eu enlouqueci, comecei a fazer jiu-jitsu e tudo que quero fazer, experimentar, testar estou fazendo, de terapias alternativas á canal de Youtube, se sinto no meu coração o chamado simplesmente ouço, me acostumei a não agradar, a ser a piada, a opinião dos outros não tem nada haver comigo, o que eu sou só eu realmente sei.


Fugir não é uma Opção

Passei a vida toda fugindo da solidão e no processo me perdi de mim mesma, já fazem 5 anos que resolvi me retirar de tudo que eu não era, nesses 5 anos tive momentos de muita solidão e outros de solitude plena, aprendi a diferença entre uma e outra e que as duas são partes importantes do processo de cura, não consegui me curar permanecendo nos mesmos ambientes, precisei me retirar de empregos, amizades, casamento e por último da minha casa para chegar mais perto de ver a real Renata, sinto que estou no processo e por ele passa aceitar as minhas imperfeições e vulnerabilidades, olhar para os meus medos, dúvidas e anseios, não renegar meus sentimentos por mais feios que sejam, eles estão aqui por algum motivo, não reprimir meus desejos e vontades somente por que as pessoas ao redor não entenderiam.

Isso me ensinou sem que eu quisesse de fato aprender, a ter mais paciência e empatia. Já não vejo as dificuldades alheias como fraquezas ou defeitos, ainda tenho um ranso profundo de quem não se auto regula e fere as pessoas ao redor sobre a premissa de “que sempre foi assim e não vai mudar” porque hoje sei que isso na verdade é um grito de covardia, de quem prefere machucar os outros do que olhar para si e aceitar seus defeitos e começar a evoluir, não se trata de uma pessoa que se curou mas sim de uma pessoa doente que se recusa a buscar ajuda.

Ninguém é exatamente como nasceu, nossa personalidade foi definida com base na nossa experiência e pode ser redefinida a qualquer momento se assim desejarmos, então essa frase de que sempre foi assim e não vai mudar é uma mentira covarde.

Tenho consciência de que isso também não é um problema meu e por isso não tento convencer ninguém do contrário, apenas escolho não estar nesses ambientes de grosseria gratuita, isso também é um julgamento e eu também sei que isso me faz parecer dura ou o que quer que seja, mas essa é uma das minhas falhas hoje, um dia vou sentir no coração o porquê disso e então vou ressignificar, até lá não é minha pauta principal, precisamos escolher com sabedoria nossas batalhas até mesmo as internas. Mudar dói na maioria das vezes, por isso a paciência e a compaixão são virtudes que me dediquei em desenvolver em primeiro lugar, para que eu pudesse ser mais gentil comigo e com o mundo.

É doloroso escrever hoje, mas também libertador, consegui relembrar e colocar em perspectiva uma série de pensamentos que estavam me afogando, não sei como isso funciona para explicar aqui, só sei que funciona e que desde que descobri isso, tenho indicado fervorosamente, auto análise, escrita terapêutica, silêncio e meditação, foram as minhas chaves de mudança, e a coroação a leitura diária, creio que essas práticas simples tem o poder de nos ajudar a reescrever nossa própria história e de nos ajudar a entender de onde viemos para onde vamos, quem somos hoje e quem queremos ser amanhã, a frase “Conhece-te a ti mesmo” nunca fez tanto sentido, não podemos mudar aquilo que não conhecemos em profundidade, por isso o autoconhecimento é a minha bandeira, sempre digo as pessoas para se colocarem como protagonistas de suas vidas, não de uma forma egóica e egocêntrica, mas sim de protagonizar a própria cura, cure-se por que você quer descobrir quem de fato é seu eu verdadeiro e não o reflexo de suas dores e experiências, nada do que você viveu define quem você é, suas posses, pensamentos, aparência física, nada disso é realmente você, você é algo muito profundo que não muda, tudo que muda não é você!

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